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Semana de 1922: uma semana revolucionária

  • Foto do escritor: macunaima2015
    macunaima2015
  • 23 de out. de 2015
  • 2 min de leitura



Bastaram três dias para abalar a cultura paulistana e consequentemente transformar a cultura brasileira, Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo um Festival de Arte Moderna, ou Semana de Arte Moderna. Um festival em que um grupo de artistas, influenciados pela vanguarda europeia, ousou provocar os artistas clássico e abrir caminho para inovações na cultura brasileira.


No século XX com a crise do capitalismo e com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a população europeia passa a viver com a incerteza do dia de amanhã e querendo viver somente o presente. Essas incertezas manifestam o desejo de expressar e explicar a realidade de uma forma distinta, fazendo com que surjam as vanguardas europeias. Com o surgimento das vanguardas europeias (dadaísmo, expressionismo, futurismo e surrealismo) o mundo ficou chocado pela tentativa de ruptura com o tradicional e com sua radicalização. As vanguardas mostravam a realidade social e política vivida. Artistas brasileiros que foram até o exterior e tiveram lá contato com as vanguardas, voltaram para o Brasil com o intuito de dar identidade à cultura que vinha sendo produzida, uma cultura sem engajamento social e político, procurando não imitar padrões europeus e buscando a valorização do nacional.


O pontapé inicial para essa mudança foi a Semana de Arte Moderna, que ocorreu em fevereiro de 1922, possibilitando a integração de muitos ideais modernistas, fortalecendo o movimento, servindo de divisor de águas na cultura brasileira. E foram três dias de muito agitos.



Durante esses três dias, o Teatro Municipal de São Paulo ficou aberto ao público, onde aconteceu conferências, concertos musicais, declamação de poemas, exposição de obras de Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Di Cavalcanti, entre outros.


O objetivo da Semana de Arte Moderna era chocar a elite paulistana e sua intelectualidade. A Semana de Arte Moderna foi um baque no público que fora presenciá-la. Com a sua proposta de inovação, de ruptura e de dar um novo significado à arte que o Brasil produzia, o objetivo fora cumprido. Através de vaias e gritos, ocorreram fatos marcantes da semana como: Heitor Villa-Lobos se apresenta apoiado em um guarda-chuva e de chinelos, Ronald de Carvalho recita o poema Os Sapos de Manuel Bandeira, etc.


O Modernismo surgiu num contexto de intensas agitações políticas, sociais, econômicas e culturais, onde estava em vigor a política do “café-com-leite”, em que oligarcas do café e conservadores governavam o Brasil. Claramente a Semana de Arte Moderna de 1922 não foi bem aceita pela elite paulistana e a crítica não mediu forças para tentar destruir seus ideais inovadores. A elite, que estava acostumada à escola Parnasiana, viu-se violentada e desrespeitada em relação à sua opção artística. O Modernismo batia de frente com as escolas do Parnasianismo e Simbolismo que eram as grandes escolas da época.


Mesmo sendo muito criticada, a Semana de Arte Moderna foi recebendo sua devida importância ao longo do tempo. Como qualquer outro novo movimento artístico, o Modernismo não foi bem aceito pela sociedade durante algum tempo, pois suas propostas e seus ideais eram revolucionários para a época.


 
 
 

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MODERNISMO BRASILEIRO

A Klaxon - Mensário de Arte Moderna - foi a primeira revista Modernista do Brasil e começou a circular logo após a realização da Semana de Arte Moderna. O primeiro, dos seus nove números, foi publicado em 15 de maio de 1922 e o último em janeiro de1923. A palavra Klaxon, segundo o Dicionário, é de origem inglesa e seu significado é "Buzina de Automóvel". Por isso e por estar sempre aberta à experimentação, pode-se dizer que a Klaxon anunciava, de forma barulhenta, as novidades do mundo moderno.
O principal propósito da revista foi servir de divulgação para o movimento modernista, e nela colaboraram nomes como Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Sérgio Buarque de Holanda, Tarsila do Amaral e Graça Aranha, entre outros artistas e escritores. Além disso, também eram publicados ensaios, crônicas, críticas de arte, piadas, gravuras e anúncios sérios como os da "Lacta", que contrastavam com anúncios satíricos como os da "Panthosopho, e Pateromnium & Cia", uma empresa que fabricava sonetos. A revista Klaxon foi inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo. O edital do primeiro número da revista, assinado por vários colaboradores, afirmava os caminhos que os modernistas pretendiam seguir. (Fonte: http://semanadaartemoderna.blogspot.com.br/2007/04/manifestos-e-revistas2.html)

Abaporu é uma clássica pintura do modernismo brasileiro, da artistaTarsila do Amaral. O nome da obra é de origem tupi-guarani que significa "homem que come gente" (canibal ou antropófago), uma junção dos termos aba (homem), pora (gente) e ú (comer).
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